terça-feira, 24 de outubro de 2017

Construção do Parque Sonoro

O Parque Sonoro é uma intervenção pedagógica que valoriza o protagonismo das crianças, a investigação sonora de forma lúdica com intenção de ressignificar o conceito de musicalização na Educação Infantil.
Aqui no CEMEI Irapará, apresentamos a revista Parques Sonoros da Educação Infantil Paulistana (SME, 2016) na primeira reunião com as famílias realizada em março deste ano. Solicitamos à elas o envio de materiais que provavelmente iriam para descarte: Garrafas PET, tampinhas de garrafa, utensílios domésticos... e tudo que pudesse fazer barulho!!
Começamos a construir alguns instrumentos e realizar vivências de musicalização no horário coletivo das professoras, contamos com o apoio do oficineiro Gabriel Daher (cedido pela Mostra Cultural de Paraisópolis) para nos ensinar a construir alguns instrumentos musicais mais elaborados com uso de materiais recolhidos do Ecoponto que fica em frente a nossa escola. Gabriel realizou também oficinas com as crianças. 
No dia 23 de setembro, recebemos as famílias para a "inauguração" do nosso Parque Sonoro e neste dia, elas também tiveram a oportunidade de construir chocalhos e outros instrumentos percussivos.
Olhe como foi o processo de construção do nosso Parque:
Oficina de construção de instrumentos musicais - professoras
Oficina com as crianças - Experimentando o telefone
Oficina de construção de instrumentos sonoros - crianças
Oficina de construção de chocalhos - famílias

O Parque Sonoro desperta a curiosidade dos bebês e das crianças, que exploram esses objetos experimentando as possibilidades de criação de sons diversos de forma divertida e espontânea.







"...Música é vida, Música é movimento. A Música é a dança dos sons. A Música é uma linguagem, posto que é um sistema de signos. De signos sonoros, naturalmente. De signos musicais. Linguagem como meio de expressão." - Teca Alencar Brito




segunda-feira, 23 de outubro de 2017

CEMEI IRAPARÁ! UMA PROPOSTA INTEGRADORA.

Somos um Centro Municipal de Educação Infantil - CEMEI da Prefeitura de São Paulo, atendemos crianças de 0 à 5 anos de idade. Esse modelo é recente na Prefeitura,  pois até 2012, todas as unidades de educação infantil eram Centro Educacional Infantil-CEI (0 -3 anos) ou Escola Municipal de Educação Infantil-EMEI (4 -5 anos), por conta disso, o entendimento do que é e como funciona um CEMEI ainda gera confusão e controvérsias. As pessoas costumam perguntar: "O CEMEI é um CEI e uma EMEI? São duas instituições dividindo o mesmo espaço assim como funcionam os Centros Educacionais Unificados-CEU’s (pois no CEU cada unidade educacional possui sua gestão distinta)?".

A resposta é simples e ao mesmo tempo complexa: O CEMEI é uma única unidade educacional que atende aos bebês e as crianças "do CEI e da EMEI", ou melhor, atendemos bebês a partir de 6 meses até crianças com 5 anos completos. A gestão para os dois seguimentos é única, a estrutura básica também... Não há, ou não deveria haver divisão, sendo esta proposta que defendemos no CEMEI Irapará.

A equipe técnica acredita que, se há algum potencial nesse modelo de atendimento é o potencial de integração entre os bebês e as crianças maiores, pois essa possibilidade enriquece as relações e as aprendizagens entre eles, temos vários registros de momentos especiais de carinho, cuidado e brincadeiras que dão conta por si só, demonstrando como essa integração é importante para todos, gerando aprendizagens importantes até mesmo para os adultos.


Algumas questões ainda desafiam essa proposta de integração, como o quadro insuficiente de funcionários, o cardápio de CEI/EMEI, os cargos e cargas horárias de trabalho diferenciados das professoras (PEI/CEI e PEIF/EMEI) que dificultam a integração do grupo, no entanto, decidimos não nos intimidarmos diante das questões desafiadoras, e isso não significa ignorar que elas existam e mereçam discussão! Optamos por apostar na proposta pedagógica integradora, com base no Currículo Integrador da Infância Paulistana (SME, 2015) que compreende a educação como "espaço que integra vida, cultura, cidade e escola, experiência e aprendizagem, mundos distintos e complementares como a razão e a fantasia, a arte e a ciência, o corpo em movimento e o pensamento, adultos e crianças em uma experiência inteira e socialmente relevante para a educação das infâncias", nesse sentido, o currículo integrador é o alicerce para o exercício pleno da cidadania e ela se dá a partir de experiências e relações que vão ajudando a constituir o sujeito. 
Interação bebês e crianças no parque/solário.

 E COMO ACONTECE A INTEGRAÇÃO?

A princípio a integração entre os bebês e as crianças de diferentes idades acontecia apenas no parque ou nos eventos como festas de aniversariantes do mês. Já era um anseio nosso que essa integração acontecesse de forma mais intencional e em momentos diversos dentro da rotina normal de bebês e crianças.
A primeira tentativa foi na elaboração dos horários de refeições prevendo que crianças pequenas e maiores pudessem compartilhar juntas desse momento, no entanto, o cardápio diferenciado (CEI/EMEI) dificultou esse plano, na reunião de auto avaliação realizada em maio com uso dos Indicadores de Qualidade da Educação Infantil Paulistana (SME, 2016) as professoras apontaram a cor "amarela" no indicador 4.2.1 que fazia relação às interações nas brincadeiras, e argumentaram que a integração entre as crianças "de CEI e EMEI" ocorria apenas nos momentos citados acima. Levada a discussão para elaboração do Plano de Ação, ficou a cargo da coordenação e equipe docente a inclusão desse item em reunião pedagógica.

A primeira ação intencional de integração entre diferentes seguimentos, surgiu então após a elaboração de um planejamento conjunto no qual as professoras se agruparam de acordo com afinidades, projetos e ideias afins.


Fichas de planejamento e registro.
 Foi elaborada uma ficha para apontamento dos grupos envolvidos na atividade, bem como a data, o horário, o espaço e o objetivo da atividade para além da integração. Nessa ficha continha também um espaço destinado ao registro de relatos e observações das professoras após a realização da atividade de integração.

A escolha da utilização da ficha se deu para facilitar a elaboração do planejamento e para chamar a atenção para alguns cuidados como pensar no local mais apropriado para que os bebês se sentissem confortáveis e no tempo de duração das atividades, tais cuidados se tornam ainda mais indispensáveis quando se planeja uma vivência que inclua bebês e crianças maiores.

Pensar no objetivo da atividade para além da integração possibilitou apurar o olhar das professoras para as possibilidades que surgem na própria integração: cuidado, carinho, responsabilidade, diversão, aprendizagem mútua... Todos esses itens aparecem nos relatos elaborados pelas docentes após as primeiras vivências, conforme segue:


Relato da roda de música do BII A/B/C, e Infantil I 5A, professoras Silvana, Taís, Viviane, Carol Marli e Elza:

Vivência da roda de música crianças e bebês.
 "A proposta de integração entre os bebês e as crianças maiores lançou mão  do repertório de músicas que ambos os agrupamentos têm domínio. Organizamos os encontros na sala de convivência dos bebês, às terças-feiras antes do café dos pequeninos. Recebemos as crianças maiores numa roda. Os bebês estavam bem tímidos e mais observavam a cantoria nos primeiros encontros (...). A cada encontro retomávamos as músicas que cada grupo trouxe e com isso nosso repertório foi ampliado. Atualmente, algumas crianças (do infantil) demonstram muito interesse em trazer novas músicas e os bebês já cantam junto e participam de algumas coreografias com desenvoltura.". Notamos a partir do relato que essa atividade de integração voltou a se repetir diversas vezes, passando a fazer parte da vida dos bebês e crianças ao menos uma vez por semana.
Primeiroda de música BII A/B/C e Infantil 5A




Relato do circuito BI A/Be MGI A/B, professoras Madalena, Rosalina, Carla e Talita: 
"Nossa atividade aconteceu na área externa. Reunimos as crianças para explicar o que eles precisavam fazer (MGI). Os bebês (BI) não ficaram parados, queriam explorar tudo. Contamos com a ajuda das crianças para mostrar aos bebês "como se faz. Eles deram as mãos e realizaram o percurso. Foi muito legal perceber o carinho e cuidado dos maiores para com os menores." As imagens a seguir retratam esse momento: 

Também aconteceu na sala do B1 uma proposta de dança (baladinha), apagamos as luzes, acendemos a luz colorida "de balada", colocamos músicas e as crianças pularam e dançaram muito. Nós não direcionamos, a ideia é que eles ficassem livres. A proposta de integrar crianças de diferentes faixas etárias proporcionou aos bebês e crianças atividades com cuidado, carinho e atenção (...). Percebemos que a mesma proposta provoca diferentes desafios para cada faixa etária e que é possível integra-los de forma que todos aprendem e se divertem."


Relato da roda de história BII D/E/F  e Infantil II 6A professoras Marcione, Sibele, Jurceine e Fernanda:
"A história foi escolhida após uma conversa em que as professoras do BII disseram que os bebês gostavam de livros com texturas, foi escolhido então um livro que fosse novidade tanto para os bebês quanto para os maiores, a história foi contada primeiro para as crianças do infantil que adoraram e se empolgaram em reconta-la para os bebês. Os bebês ouviram com atenção a história contada pelas crianças, manusearam os livros, se mostraram, à princípio, apreensivas e curiosas pelo fato de crianças e não adultos estarem contando a história pra eles. As crianças maiores ficaram bem à vontade e demonstraram interesse e satisfação por serem capazes de realizar a contação da história transmitindo alegria e contentamento para os bebês"
Contando a história.


Compartilhando as imagens do livro.


Relato do piquenique com massagem BII D/E/F e Infantil I 5D, professoras Vanessa, Arlete, Irislea e Daniela:

"A proposta inicial seria a realização de um piquenique seguido por uma roda de massagem, experiência que já havia sido vivenciada pelas crianças do infantil, no entanto, durante o piquenique notamos que os bebês iam dispersando a fim de explorar o espaço externo para brincar, então, diante desse interesse dos menores avaliamos que o piquenique por si só já contemplava a integração neste momento, e refletimos que duas atividades seguidas nessa primeira experiência talvez fosse demais para os bebês. As crianças ficaram ansiosas com a possibilidade de ficar com os bebês, eles ajudaram a servir os menores e cooperaram quando solicitados por eles. Consideramos essa proposta como uma oportunidade muito rica e agradável".
Roda de massagem realizada apenas pelas crianças do infantil.


Piquenique, bebê em adaptação sendo acolhido.

Piquenique de integração bebês e crianças.


Relato roda gigante de música MGIA/B, MGII A/B, INFANTIL I 5B/5E, professoras Marilene, Fluvian, Maria, Viviane, Vera, Fabiana e Ana Maria:

"Todas as turmas se encontraram na área externa, a integração ocorreu de forma bastante alegre e participativa onde as crianças compartilharam seu repertório musical ensinando e aprendendo juntos. A ideia da integração entre bebês e crianças de diferentes idades foi muito gratificante, nos proporcionou a troca de conhecimentos, repertório e a oportunidade de aprendizagem para as crianças.
O fato de termos um momento para planejarmos juntas (PEI/PEIF) facilitou o nosso planejamento e inclusive a interação entre nós professoras".



Cabe ressaltar que após o planejamento dessas primeiras experiências integradoras, os encontros entre bebês e crianças passaram a acontecer naturalmente, com mais frequência e em diversos momentos na rotina em situações planejadas para este fim ou não. Notamos também que essas vivências estão proporcionando a criação de vínculos afetivos, outro dia, por exemplo, uma criança de cinco anos procurava pela professora do berçário no parque para perguntar por um bebê, chamando-o pelo seu nome, pois queria brincar junto com ele.


Desafios, considerações e contribuições futuras:

A vivencia da integração entre bebês e crianças pode ser entendida como algo natural dentro das instituições educacionais, já que espelha o panorama observado nas residências, ruas, comunidade e vizinhança das famílias de todas, se não, da maioria das crianças que possuem irmãos mais velhos e mais novos, vizinhos, outros parentes com quem convivem cotidiana e normalmente. Porque a escola não pode refletir isso ao invés de segregar essas relações? Será que a crianças podem conviver harmoniosamente com os bebês na escola desenvolvendo outro olhar para seus irmãos e pares para além dela?
Como Escola, insirida na Sociedade e atenta as questões peculiares nas relações sociais, particularmente na infância, acreditamos, entre outras coisas, que trabalhando na resolução das questões acima, estamos caminhando na direção do desenvolvimento de uma da proposta de  currículo integrador, contribuindo para o exercício pleno da cidadania e  ajudando a constituir o sujeito integrado.